Grafites Digitais em 'Fantasmas Urbanos'

Estou espalhando grafites digitais por onde passo, grafites que só existem no contexto da realidade aumentada, por isso chamei essa série de 'Fantasmas Urbanos'. Se for possível, você pode visitar os lugares com um óculos de AR, como o Meta Quest 3 (ou mesmo um Google Cardboard), mas o mais comum é visitar o lugar e abrir o link da experiência pelo celular. Dentro do mapa é possível encontrar todas as artes e o link para cada experiência.

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  1. Chuva de Barras

    Essa arte é uma crítica a política da cidade de Lisboa, que gastou milhões de euros do dinheiro público e fez uma verdadeira limpeza dos moradores de rua da região para receber o CEO da igreja católica num palco nesse local. Tudo isso em um Estado laico, num momento em que os aluguéis estão explodindo em valores absurdos e muitos estão com dificuldade para manterem suas casas, trabalho e dignidade. Essas não são as prioridades? O que a cidade precisa é de um evento pomposo pra bajular uma pessoa com dinheiro infinito à disposição? Já foi dito sobre a minha arte que ela não decora as paredes porque ela existe pra derrubá-las, então acho coerente me absorver no cyber-espaço dessa forma. Outros artistas na época fizeram ações parecidas. Acho que nenhum deles foi poupado de críticas da direita fascista local. Eu não recebi críticas duras unicamente por causa do anonimato, por ser um artista desconhecido. Mas o que observei acontecer com outros artistas locais me ensinou muito sobre o estado em que caminha o pensamento das pessoas.

  2. Encontre-me

    Essa arte fala sobre a inundação de dúvidas e sobre a tempestade interna de pensamentos incessantes que culminam em crises de ansiedade e ataques de pânico todo dia. Sobre sempre pairar entre a realidade e um estado quase fantasmagórico de desconexão, onde sou uma ameaça não compreendida por, e para, mim mesmo. Um lugar onde mal vejo que mantenho todos à distância como fantasmas também. Onde a água me deixa cego e surdo. Sobre como mergulho nisso tudo e já não tenho mais medo de ir mais fundo, não tenho medo de perder o ar. Sobre como talvez encontre algo lá no fundo, uma parte de mim que mostre que vale a pena estar aqui. Minha arte está sendo um pouco mais vista agora, mas segue largamente ignorada. A diferença é que cada vez mais percebo que essa jornada não é para satisfazer as massas, mas para encontrar um propósito na criação artística, um legado de resiliência e expressão pessoal. Às vezes, um manifesto contra minha própria natureza. Sobre como talvez seja isso que está lá, no final do mergulho.