Prisão é a quinta obra da série Somos Animais I, uma série de peças que retratam mentes brilhantes injustiçadas pela humanidade. Esta peça mostra Camile Claudel, uma escultora francesa, mais conhecida por suas representações de figuras em bronze e mármore. Ela morreu em relativa obscuridade.

Camile enfrentou muitas dificuldades ao longo de sua vida, sendo até barrada de escolas de arte como a École des Beaux-Arts apenas por ser mulher. Mas, sem desistir, acabou estudando em um dos poucos espaços que aceitavam mulheres na época, a Académie Colarossi. E em 1882, ela conseguiu montar um ateliê com outras mulheres e produziu suas primeiras esculturas.

Um de seus mentores foi Auguste Rodin, outro escultor. Ela começou um relacionamento problemático com ele em 1884, mas nunca viveu com ele, que só a usou como modelo e amante, sempre relutante em terminar seu relacionamento de vinte anos com Rose Beuret. O relacionamento terminou em 1892, mas sua reputação ainda estava associada à imagem do escultor. Ela deixou o relacionamento com uma depressão intensa que a acompanhou por toda a vida. O fim também a fez sofrer boicotes maciços no cenário artístico, o que a levou a aumentar o isolamento e a pobreza.

Camille era genial em suas esculturas, mas só recebeu o devido reconhecimento após sua morte. No final de sua vida foi internada em um hospital psiquiátrico, hospitalizada por sua família, que a alegou ser demente por destruir muitas de suas obras e agir de forma paranoica, acusando Rodin de roubar suas ideias e liderar uma conspiração para matá-la.

Estou assustada; Não sei o que vai acontecer comigo. Qual foi o sentido de trabalhar tanto e ser talentosa, para ser recompensada assim?

— Camile Claudel (1864 - 1943)

A internação ocorreu após a morte do pai, em 1913. Talvez ele tenha sido a única pessoa da família que aprovou sua escolha profissional e a ajudou de alguma forma ao longo de sua vida, além de ajudá-la financeiramente várias vezes. A direção do hospital afirmou várias vezes que a artista poderia retornar ao convívio social porque estava lúcida, embora tivesse surtos mentais. Ainda assim, sua mãe sempre se recusou a soltá-la e a proibiu de receber visitas ou até correspondências de alguém que não fosse seu irmão, aquele mesmo que a havia internado. Alguns historiadores especulam que seu irmão, também artista, se sentiu ofuscado pela arte de Camile e usou sua internação para tirá-la do caminho.

Ela foi uma artista esmagada pela sociedade de seu tempo. É lamentável saber que, apesar das conquistas das mulheres no século passado, ainda estamos em um mundo machista onde é comum ver mulheres vivendo problemas semelhantes aos da vida de Camile. Também é justo pensar que muitas dessas histórias estão escondidas, muitas dessas histórias estão acontecendo agora, mas nunca saberemos.